9 de ago. de 2012

GRAMÁTICA COM TEXTOS


7º ano - pronomes pessoais e possessivos

Objetivos 
Analisar o foco narrativo presente no texto "O Negrinho do Pastoreio" e relacioná-lo às pessoas do discurso;
perceber os elementos envolvidos na narrativa - foco narrativo e a consequente escolha de pronomes pessoais, oblíquos e possessivos;
realizar a modificação da pessoa do discurso e alteração da conjugação verbal;
utilizar os pronomes pessoais como substitutos do nome no interior de um texto;
utilizar os pronomes pessoais retos e oblíquos e dos pronomes possessivos correspondentes.

Conteúdos 
Foco narrativo;
conjugação verbal;
pronomes pessoais, oblíquos e possessivos.

Ano 
7º ano

Tempo estimado 
Cinco aulas

Material necessário Texto "O Negrinho do Pastoreio" In: PRIETO, H. Lá vem História: Contos do Folclore Mundial. São Paulo, Cia das Letrinhas, 1997.

Desenvolvimento 
1ª etapa
Leia para os alunos o conto "O Negrinho do Pastoreio".
O Negrinho do Pastoreio
Na época da escravidão, vivia no Sul do Brasil um meigo menino negro. Seus pais tinham sido vendidos para uma fazenda e ele para outra, portanto ele cresceu sozinho, trabalhando nos pastos do patrão. Ninguém sabia o nome que os pais haviam lhe dado e, como ele cuidava muito bem dos animais do pasto, todos o chamavam de Negrinho do Pastoreio.

Negrinho montava com tanta habilidade que alguns diziam que na verdade ele era filho de um saci. Mas o menino não gostava disso. Ele era muito amigo do padre da fazenda e acreditava piamente na bondade de Nossa Senhora, que considerava sua protetora.

Certa noite, um garanhão que estava sob os cuidados dele desapareceu pelos pastos. Temendo ser castigado pelo dono da fazenda, Negrinho saiu na escuridão levando apenas uma vela e rezando para que Nossa Senhora o ajudasse. Suas súplicas foram atendidas. Quando já não aguentava mais andar, o menino viu pingos que caíram de sua vela se transformar numa linda fogueira e iluminar todo o campo. Ele sorriu, maravilhado. Assobiou chamando o animal, e o cavalo se aproximou lentamente, permitindo que Negrinho lhe pusesse as rédeas.

Acontece que, no dia seguinte, o cavalo escapuliu mais uma vez. O dono das terras, impiedoso, simplesmente decretou a morte de Negrinho, como se fazia com os escravos que falhavam ao cumprimento de suas obrigações. Ordenou ao capataz que o levasse a um imenso formigueiro e lá o abandonasse, todo amarrado para que não pudesse fugir. Depois de ter obedecido à ordem do patrão, o capataz chorava de tanta tristeza, pois não conseguia se conformar em ter aplicado um castigo horrível daqueles no menino.

Na manhã seguinte, decidiu que salvaria o menino mesmo que tivesse que morrer junto com ele. Correu até o local onde o havia deixado, certo de iria encontrá-lo bastante ferido. Mas qual não foi sua surpresa ao chegar: Negrinho estava de pé ao lado do cavalo, cercado por uma belíssima luz dourada e sem uma picada sequer. Olhou bem no fundo dos olhos do capataz e disse:

- Agora vou partir. Obrigado por sua generosidade. Sei que seu coração é bom. E, sempre que você perder alguma coisa, chame por mim e, em companhia de Nossa Senhora, minha mãe querida, eu o ajudarei a encontrá-la. Diga isso a todas as crianças. Principalmente às que são distraídas. Eu serei o seu eterno protetor.

Nesse instante, um bando de passarinhos o rodearam e o levaram para longe. E até hoje, naquela região, as pessoas que perderam objetos acendem velas para que o Negrinho as ajude a recuperá-los, dizendo:

- Negrinho do Pastoreio, leve esta luz a Nossa Senhora, encontre para mim tudo o que já perdi.

(História do folclore brasileiro)
PRIETO, H. Lá vem História: Contos do Folclore Mundial. São Paulo, Cia das Letrinhas, 1997.
Pergunte a eles se já conheciam a história do Negrinho do Pastoreio. Caso conheçam, pergunte qual a fonte desse conhecimento. Questione se gostaram da história. Ouça-os.
Após essa introdução, mencione a escravidão negra no Brasil e assinale a importância dos negros na constituição da cultura de nosso país. Explique aos alunos o eixo das próximas aulas: o foco narrativo e os ajustes que ele exige do texto.

Analise com a turma como a narrativa foi construída. Pergunte a eles quem conta a história.
Caso não consigam dizer com precisão, leve-os a refletir sobre os mecanismos linguísticos. Pergunte se quem conta a história é o Negrinho do Pastoreio. Indague-os a razão da possível resposta negativa. Caso algum aluno assinale a presença do ele, reforce-a.

2ª etapa 
Insista que, ao falar sobre o outro, nós usamos os pronomes da 3ª pessoa. Dê exemplos variados; use pequenas afirmações sobre fatos que estejam em pauta no cotidiano - uma música polêmica, um técnico de futebol, as ações de um político.

Em seguida, proponha aos estudantes a reescrita do conto, substituindo a terceira pessoa e a primeira pessoa, nos discursos diretos, pela presença do "nós". Dessa forma, o narrador será uma voz coletiva - os negrinhos do pastoreio. Antes de iniciar, discuta com os alunos o significado da primeira pessoa do plural, que inclui o eu e o outro.

Dê alguns exemplos para o trabalho de reescrita. Construa coletivamente, no quadro, o primeiro parágrafo, pedindo que os alunos ditem o texto. Faça, com eles, os ajustes necessários - conjugações verbais, pronomes pessoais retos e oblíquos e pronomes possessivos.

O início poderá ficar assim:

Na época da escravidão, vivíamos no Sul do Brasil. Éramos meninos negros. Nossos pais tinham sido vendidos para uma fazenda, e nós para outra, portanto crescemos sozinhos, trabalhando nos pastos do patrão.

Alguns elementos, como a explicitação ou não do pronome pessoal do caso reto diante do verbo, podem ser objeto de escolha daquele que realiza a reescrita.

Anote no quadro os pronomes pessoais retos, oblíquos e os pronomes possessivos correspondentes. Explique a função desses pronomes e, por meio de exemplos, faça os alunos perceberem que há uma correspondência entre a pessoa do discurso escolhida para uma narração e os pronomes pessoais retos ou oblíquos e os pronomes possessivos.

3ª etapa 
Proponha aos alunos que, em dupla, continuem a reescrita do conto com a mudança do foco narrativo. Peça que cada dupla reescreva dois parágrafos. Divida o texto de modo que duas duplas reescrevam os mesmos parágrafos. Terminada a atividade, peça que os alunos se juntem com os colegas que estão com o mesmo trecho do texto, leiam os trabalhos conjuntamente e comparem com o que fizeram.

4ª etapa Reúna os trabalhos da turma e proponha a leitura de todo o conto com as mudanças realizadas. Peça que cada grupo leia um parágrafo e faça as observações necessárias.

5ª etapa
Retome a sistematização dos pronomes pessoais e possessivos. Peça que os alunos levem para a classe a Gramática utilizada pela escola e faça junto com eles a leitura e a análise dos tópicos referentes aos pronomes pessoais retos e oblíquos e possessivos. Caso julgue interessante e pertinente, vale a pena mencionar o uso do pronome na primeira pessoa do plural na expressão "Nossa Senhora", utilizada para designar o nome de Maria, mãe de Jesus, no conto. Pergunte a eles quais as implicações semânticas desse uso. Isso é interessante, pois muitas vezes fazemos uso da língua, mas nos esquecemos das implicações subjacentes a ela. Permitir aos alunos esse exercício é uma maneira de instigar o interesse pela língua que falamos.

Avaliação 
Como atividade avaliativa, proponha aos alunos que individualmente reescrevam as quadras populares abaixo, mudando o discurso da primeira pessoa do singular para a primeira pessoa do plural.
                                                                                       revistaescola.abril.com.br
Quadras
1)
Dois beijos tenho na boca
Que jamais esquecerei
O primeiro que me deste
O primeiro que te dei.

2)
Eu amo a quem não me quer
E desprezo a quem me ama
Fujo de quem me procura
Quero bem a quem me engana.

3)
A roseira quando nasce
Toma conta do jardim
Eu também ando buscando
Quem tome conta de mim.

AZEVEDO, R. Armazém do Folclore. São Paulo: Ática, 2000.

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