9 de ago. de 2012

GRAMÁTICA COM TEXTOS


9º ano - coordenação e subordinação de períodos

Objetivos Apresentar o período composto;
Analisar as relações de coordenação e subordinação entre períodos;
Analisar as relações semânticas presentes na construção dos períodos compostos.
Conteúdos Período composto;
Relações de coordenação e subordinação;
Relações semânticas em períodos compostos.
Tempo estimado Seis aulas
Desenvolvimento 
1ª etapa Inicie a aula colocando no quadro o silogismo abaixo.

Todo brasileiro é sul-americano.
Todo paulista é brasileiro.
Todo paulista é sul-americano. 

Explique aos alunos que a palavra silogismo vem do verbo syllogízo (em grego) e significa reunir, juntar pelo pensamento, conjeturar. Trata-se de um tipo de raciocínio desenvolvido na Grécia Antiga pelo filósofo Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.). Parte-se de duas afirmações, chamadas premissas, para chegar a uma conclusão. O exemplo acima começa com uma afirmação geral - Todo brasileiro é sul-americano -, passa por outra mais específica - todo paulista é brasileiro - e chega à conclusão - todo paulista é sul-americano.
Entendido o conceito de silogismo, apresente à moçada o objetivo desta sequência didática: estudar o período composto. Explique que, para isso, é importante relembrar o período simples. Mostre aos alunos que, no silogismo acima, há três períodos simples - cada um com um verbo (ser).

Em seguida, peça que os alunos tentem reescrever o silogismo colocando todas as informações em um único período. Caso perceba que os estudantes estão com dificuldade, proponha que pensem em uma expressão indicativa de hipótese ou condição - sugira o uso dos conectivos se e caso. Dê um tempo para que realizem a atividade e corrija coletivamente no quadro.

Uma possibilidade de redação é a seguinte:

Se todo brasileiro é sul-americano e todo paulista é brasileiro; logo, todo paulista é sul-americano.
Outra é:

Se todo brasileiro é sul-americano e todo paulista é brasileiro, todo paulista é sul-americano. 
Durante a correção, mostre aos alunos que a transformação dos três períodos em um ocorreu por meio do acréscimo de palavras como se, e, logo. Explique que esses elementos funcionam como articuladores entre as orações que fazem parte do período composto.

Pergunte se a conclusão (todo paulista é sul-americano) se sustenta ao suprimirmos uma das duas orações indicadoras de condição (se todo brasileiro é sul-americano e todo paulista é brasileiro). Os estudantes vão notar que não.

2ª etapa Proponha, então, que a turma se organize em duplas e transforme outros dois silogismos em períodos compostos. Desta vez, oriente os alunos para que comecem as frases pela conclusão.

a) Todos homens são mortais.
Sócrates é homem.
Sócrates é mortal.
b) Todo metal dilata com o calor.
A prata é um metal.
A prata dilata com o calor. 

Dê um tempo para que os alunos procurem as respostas e peça que as apresentem. Uma possibilidade de construção é:

a) Sócrates é mortal, já que Sócrates é homem e todo homem é mortal.
Outra é:

b) Sócrates é mortal porque Sócrates é homem e todo homem é mortal.

Deixe claro aos alunos a diferença de sentido entre as duas reescritas. No primeiro caso, trata-se de um período de caráter condicional, em que o locutor cria uma hipótese e a comprova. No segundo, as duas premissas são tomadas como verdades, como dados que embasam o pensamento.

Explique à classe que os articuladores que interligam as orações - porque, já que, logo, se -, representam uma classe de palavras chamada "conjunções".

3ª etapa Escreva no quadro os seguintes períodos compostos:

José saiu e Pedro chegou.
Quando José saiu, Pedro chegou.

Pergunte aos estudantes se os dois períodos possuem o mesmo significado. Conclua com a classe que não. O primeiro possui duas orações interligadas pela conjunção e e sugere a ideia de linearidade: primeiro José saiu e depois Pedro chegou. Já o segundo indica concomitância entre as duas ações. Essa simultaneidade é marcada pela presença da conjunção quando.

Explique, então, a diferença entre períodos compostos por coordenação e por subordinação. Para isso, desmembre as duas orações presentes no item a e pergunte à classe se elas são compreensíveis separadamente. José saiu e Pedro chegou. A moçada vai perceber que sim.

Questione se o mesmo ocorre no item b. Os alunos vão dizer que não. Comente que a oração Quando José saiu é um trecho solto e precisa de complementos para fazer sentido.

Explique à classe que essa característica - possibilidade ou não de existir independentemente do complemento - é usada por vários gramáticos para diferenciar períodos coordenados e subordinados. São chamados períodos compostos por coordenação aqueles em que as orações estão articuladas, mas não há dependência entre elas. O período composto por subordinação, por sua vez, possui orações articuladas, mas com uma relação de dependência.
Para saber mais...
A diferenciação entre período composto por coordenação e por subordinação apresenta vários pontos de discussão entre os gramáticos. Muitos acreditam que também existe dependência nas orações coordenadas.

Não há consenso também sobre as denominações. Para alguns autores, o período subordinado é composto por duas orações distintas - a principal e a subordinada. Para outros, todo o período subordinado representa a oração principal e, dentro dela, está a oração subordinada.

Como as relações estabelecidas pelos períodos compostos são importantes para a estruturação do pensamento e da argumentação, talvez o mais importante, nesse estágio de aprendizado, é dar aos alunos o conhecimento dessas relações. Realize uma problematização compatível com o nível escolar e não insista em aspectos da nomenclatura e classificações minuciosas.

Para se aprofundar sobre o tema, leia o texto A Coordenação e a Subordinação nas Perspectivas Tradicional e Funcionalista: confrontos de Andréa Marques.
4ª etapa Peça que os alunos tragam a gramática para a classe e leia com eles os trechos referentes à coordenação e à subordinação. Veja se a turma apresenta alguma dúvida e explique-a. Em seguida, façam uma breve síntese do conteúdo lido e diga para os alunos anotarem nos cadernos.

Após a escrita dessa síntese, proponha que a moçada classifique as seguintes manchetes - publicadas no jornal Folha de S. Paulo em 03 de novembro de 2010 - em períodos compostos por coordenação ou subordinação.

a) Facebook afirma que corretora comprou dado sigiloso de usuários. b) Gal relança obra e prepara novo disco. c) Estudo explica por que ocidental não diferencia rostos orientais. d) Proteína pode ser capaz de destruir células cancerígenas. e) Republicanos ganham força, mas racham.
Para corrigir a tarefa, sublinhe os verbos de cada período e procure identificar com a turma se eles precisam de complemento. Caso julgue interessante, use a gramática como suporte durante a correção.

Em Facebook afirma que corretora comprou dado sigiloso de usuários, sublinhe os verbos afirma ecomprou. Ao dividir os períodos, os alunos vão perceber que, sozinha, a primeira oração não possui sentido completo. O verbo afirma pressupõe um complemento - que, no caso, é a oração que corretora comprou dado sigiloso de usuários. Trata-se, portanto, de um período composto por subordinação.

Na manchete Gal relança obra e prepara novo disco, repita o procedimento com a classe. Sublinhe os verbos, divida os períodos e peça que os alunos analisem as frases. Eles vão notar que, nesse caso, nenhum dos verbos precisa de elementos da outra oração para ter seu sentido completo. Trata-se, então, de um período composto por coordenação.

Repita a mesma orientação para analisar as demais manchetes. Quando terminar, comente com a classe que a língua é muito rica e a classificação dos gramáticos nem sempre dá conta dessa riqueza. É por isso que as gramáticas se modificam ao longo do tempo.

5ª etapa Comente com a classe que, embora as gramáticas afirmem que o e é uma conjunção coordenada aditiva, há uma série de exemplos na Língua Portuguesa em que ele aparece associado a ideias bem diferentes da adição.

Em seguida, peça que os alunos se dividam em trios e discutam os possíveis sentidos assumidos pelo conectivo e nos textos publicitários abaixo:

Dê um Boticário no dia das mães e transforme-a numa linda mulher. (Propaganda
para o dia das mães do Boticário, outdoor, Juiz de Fora, abril/2006).

Mude para a Tim e ganhe mais créditos no seu pré-pago (Propaganda Tim, Revista Época, 20 abr 2006)

Não leve trabalho pra casa. Tenha Internet no seu Oi e leia seus e-mails no caminho. (Propaganda, Revista Época 5 jul 2010)

Voe Azul e dê férias para o seu bolso. (Propaganda, Revista Época 5 jul 2010)

Dê um tempo para a realização da atividade e corrija-a. Leve os alunos a perceberem que, embora o conectivo e seja comumente associado à ideia de adição, nos casos acima ele remete à ideia de condição e às relações de causalidade. Explique que o vínculo apresentado nessas orações não é de dependência sintática, mas sim da ordem do significado.

As frases Voe Azul / Dê férias para o seu bolso poderiam ser separadas e justapostas sem a presença de conectivos. Há um vínculo implícito entre elas, remetendo ao contexto em que se inserem e ao sentido que as atravessa. Como estamos na dimensão do texto publicitário, mais forte será a sua ação se ele passar como um dado natural e não como uma construção com o objetivo de persuadir o leitor. Assim, se justificaria o camuflamento da subordinação nessas construções.

Levante ainda com os alunos outros usos da conjunção e. Ela pode ser usada com o sentido de adversidade - O menino caiu e não chorou -, com o sentido de conclusão - Chegamos atrasados, perdemos o ônibus e não fomos viajar - entre outros.

Avaliação Proponha que os alunos leiam, em trios, o poema "Eu, etiqueta" de Carlos Drummond de Andrade. Com base na leitura, peça que elaborem um texto publicitário em que o conectivo e seja usado de duas maneiras: como conjunção aditiva - Raul usa blusa da marca X e Ana usa calça da marca Y - e como organizador de períodos com valor de hipótese - Use a marca X, a marca Y e você será feliz.

Os textos publicitários devem ser entregues ao professor e apresentados para a classe na aula seguinte. 
Eu, etiqueta 
Em minha calça está grudado um nome
que não é o meu de batismo ou cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
que nunca experimentei,
mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo,
desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem-anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registradas
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo
ser pensante, sentinte e solitário
com outros seres diversos e conscientes
de sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
e cada gesto, cada olhar,
cada vinco da roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido,
sou gravado de forma universal,
saio da estamparia, não de casa,
da vitrina me tiraram, recolocam,
objeto pulsante mas objeto
que se oferece como signo de outros
objetos estáticos, tarifados.
Para me ostentar assim, tão orgulhoso
e ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.
(Carlos Drummond de Andrade)
Disponível em: acd.ufrj.br/~pead/tema10/perspectivas.html - Acesso em 02 nov 2010
                                                                                                  revistaescola.abril.com.br

Consultoria Conceição Aparecida Bento
Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo e professora universitária.

GRAMÁTICA COM TEXTOS



8º ano - ponto final, ponto e vírgula e dois pontos

Objetivos 
Analisar o papel dos sinais de pontuação no texto;
Identificar os usos do ponto final, do ponto e vírgula e dos dois pontos em diferentes textos.
Conteúdo 
Pontuação: ponto final, ponto e vírgula e dois pontos
Tempo estimado 
Seis aulas
Desenvolvimento 

1ª etapa Inicie a aula propondo que os alunos leiam os dois trechos abaixo do Código de Defesa do Consumidor. Diga a eles que esse documento legisla sobre os direitos e deveres de quem compra e vende. Explique que é a ele que devemos recorrer, por exemplo, quando nos sentimos lesados numa transação comercial.
Código de Defesa do Consumidor 
Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.
CAPÍTULO I - Disposições Gerais

Art. 1° O presente Código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos Arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

CAPÍTULO III - Dos Direitos Básicos do Consumidor

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;

II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;

VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;

IX - (Vetado);

X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Terminada a leitura, discuta com a moçada os temas tratados nos dois capítulos. Mostre aos alunos que o primeiro trecho apresenta as determinações gerais do Código e o seguinte determina os direitos básicos do consumidor.

Leia cada um dos direitos e, junto com a turma, tente explicar como eles se aplicam na prática. Exemplifique que, se um brinquedo tiver algum defeito de fabricação e ferir uma criança, seu fabricante estará infringindo o item I do Artigo 6º. Se alguém vender um pacote de biscoito sem especificar a quantidade exata na embalagem, vai esbarrar no item III do mesmo Artigo.

Comente com os estudantes que a redação de uma lei deve ser pensada de modo a evitar interpretações dúbias. A linguagem adotada, a sintaxe e a pontuação devem caminhar em direção a essa clareza.

2ª etapa 
Peça que a turma observe os usos do ponto final, dos dois pontos e do ponto e vírgula nos trechos doCódigo apresentados na etapa anterior. Sugira que os alunos se coloquem em duplas e elaborem uma explicação para o aparecimento de cada sinal de pontuação no texto. Dê um tempo para que realizem a atividade.

Em seguida, retome os trechos e discuta as respostas coletivamente. A turma deve perceber que, no Capítulo I, o ponto final aparece nos três Artigos e no final dos dois parágrafos do Art. 3. Conclua com a turma que ele é usado para encerrar sentenças com sentido completo. Os trechos do texto que terminam em ponto final tratam dos elementos envolvidos nas transações de consumo e devem ser claros e definitivos. Essa assertividade pode ser observada tanto na maneira como as frases são construídas, quanto na escolha do sinal de pontuação.

Passe, então, à análise do Capítulo III. Nele são explicitados os direitos básicos do consumidor, enumerados em dez itens. Mostre à classe como a pontuação auxilia na organização do texto. Os dois pontos antecipam que os direitos serão apresentados; o ponto e vírgula separa cada um deles; e os algarismos romanos os evidenciam. O texto do Artigo 6º constitui-se de um grande período em que os direitos são apresentados.

3ª etapa 
Inicie pedindo que a turma leia a carta abaixo. Explique que ela acompanha um CD-ROM enviado pelo Ministério da Saúde a médicos de todo o país.
Caro médico:

Nós, do Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde, a Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde e com o apoio do Conselho Federal de Medicina, apresentamos a você esse CD-ROM sobre a dengue.

Cientes da importância do combate a essa doença e do valor da sua atuação profissional no manejo da dengue trazemos neste CD-ROM uma série de imagens, vídeos, capturados em um trabalho de campo, além de entrevistas e textos sobre a doença. Ao utilizar-se do conteúdo deste CD-ROM, todas as vezes que você visualizar esta página, e ao mesmo tempo estiver conectado à Internet, estaremos mapeando sua entrada.

Esperamos que ele possa auxiliá-lo no seu trabalho com os pacientes, na prevenção, e na formação das equipes de saúde.

Aproveitando a oportunidade, gostaríamos de divulgar uma boa notícia: os profissionais da saúde no Brasil, em breve, contarão com o serviço da Universidade Aberta de Educação Permanente em Saúde, onde você poderá realizar cursos de especialização, atualização e aperfeiçoamento.

Bom trabalho!
Não esqueça: a dengue se combate todos os dias!

Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/kitdengue/index.html . Acesso em: 19 de out 2010.
Peça que os estudantes retomem as duplas e, utilizando a gramática, proponha que expliquem os usos dos dois pontos no texto. Determine um tempo para a realização da atividade.

Durante a correção, enfatize que os dois pontos podem ser usados para invocação em correspondências comerciais ou pessoais. Nesse caso, eles podem ser substituídos por vírgulas. A invocação Caro médico: poderia ser trocada por Caro médico, .

Além dessa ocorrência, os dois pontos aparecem outras três vezes no texto:

a) Aproveitando a oportunidade, gostaríamos de divulgar uma boa notícia: os profissionais da saúde no Brasil, em breve, contarão com o serviço da Universidade Aberta de Educação Permanente em Saúde, onde você poderá realizar cursos de especialização, atualização e aperfeiçoamento. 
b) Não esqueça: a dengue se combate todos os dias!

c) Dengue: decifra-me ou devoro-te.

As duplas devem perceber que, nesses casos, o sinal de pontuação introduz uma afirmação que explicita a ideia anterior.

Como tarefa para casa, solicite que os alunos elaborem uma carta de reclamação dirigida a uma empresa devido aos maus serviços prestados.

A situação é a seguinte: uma pessoa vai a um supermercado e encontra um produto com um preço bastante atrativo. O preço está disposto em uma pequena placa debaixo do produto. Ao chegar em casa, a consumidora confere a nota e descobre que pagou mais do que constava na placa próxima . Ela resolve, então, escrever uma carta ao supermercado, reclamando do problema. No texto, refere-se ao artigo do Código que foi desrespeitado. Lembre a moçada de prestar atenção ao uso dos três sinais de pontuação estudados em sala.

4ª etapa Inicie a aula com a leitura de algumas cartas. Observe o conteúdo, a argumentação e o uso adequado dos sinais de pontuação estudados.

Em seguida, entregue aos alunos o trecho abaixo do livro Minha Vida de Menina, de Helena Morley. Apresente de maneira resumida a autora e o texto aos alunos. A obra é um diário escrito no final do século 19 na região de Diamantina, Minas Gerais. Quem conta a história é uma menina, filha de garimpeiro, que entra na adolescência num Brasil recém saído da escravidão e da monarquia. A narrativa apresenta o cotidiano dela, fala sobre sua família e seus estudos. O texto inspirou o filmeVida de Menina, de Helena Solberg, lançado em 2005.
Minha Vida de Menina

Sábado, 10 de junho
A família inventou agora um jogo de trinta e um. Quando é na Chácara eu não perco porque as negras fazem sempre uma ceia muito boa para as nove horas e eu ainda volto para casa a tempo de fazer meu exercício. Na casa de tio Geraldo só dão uma fatia de pão fino, que parece um espelho. Na casa de Iaiá também eu não gosto de ir porque ela só dá biscoito de goma com café.

Ontem a Luisinha, que é um demônio para descobrir as coisas, me disse: "Eu já sei onde Iaiá guarda a lata de manteiga. Quando chegarem os biscoitos vamos lá e os besuntamos de manteiga".

Levou-me ao quarto de Iaiá e mostrou a lata na prateleira.

Chega a bandeja de café com biscoitos e tiramos uns dois ou três cada uma, fomos para o quarto e, mesmo no escuro, tiramos a lata e com o dedo íamos besuntando os biscoitos. Quando já tínhamos dado um rombo na lata, eu disse a Luisinha: "Já estou ficando com remorsos, Iaiá vai pensar que é Eva". Luisinha respondeu: "Não boba, ela pensa que é o Nico".

Consolei-me. Fechamos a lata e pusemos no lugar. Quando fomos dando uma dentada nos biscoitos, todas duas soltamos um grito de nojo e saímos correndo para cuspir no terreiro.
Era banha sem sal com que Iaiá unta o cabelo.

MORLEY, Helena. Minha Vida de Menina. São Paulo: Cia das Letras, 1998, p.61.
Após a leitura, comente com os alunos aspectos do cotidiano da menina distantes do nosso - a manteiga como objeto de desejo e o uso da banha para hidratar os cabelos.

Em seguida, mostre à turma o uso dos dois pontos para introduzir o discurso direto - a fala de um personagem. Diga a eles que esse uso pode também anteceder citações de textos alheios. Os dois pontos são seguidos de duplas aspas, que delimitam o início e o fim da fala ou da citação.

De posse da gramática de uso da classe, leia as determinações de uso do ponto final, do ponto e vírgula e dos dois pontos em um texto. Relacione-as com as observações levantadas pela turma ao longo das aulas. Faça uma síntese coletivamente no quadro e peça que os alunos anotem-na no caderno.

Como tarefa para casa, proponha que os estudantes assistam ao filme Vida de Menina e leia a resenha Um diamante redescoberto, escrita por Isabela Boscov (confira o texto abaixo).
Um diamante redescoberto
Vida de Menina traz de volta à luz uma das melhores
obras literárias do Brasil do século XIX

Isabela Boscov

Filha de pai inglês e de mãe mineira, esta de família muito católica e tradicional, Alice Dayrell Caldeira Brant escreveu, entre 1893 e 1895 - mais ou menos dos seus 13 aos 15 anos - um diário. Nele, descrevia seus afazeres do dia-a-dia na cidade de Diamantina e lhes ajuntava comentários marotos. Por exemplo, sobre o escândalo que a paixão de seus pais causava entre as tias, que não haviam tido a sorte de escolher o próprio marido. Ou sobre a avareza dos parentes ricos, que desdenhavam da teimosia de seu pai em catar diamantes nas lavras quase esgotadas. Alice se surpreendia que o lado brasileiro da família visse o trabalho como coisa de negros - mas tinha como normal que os ex-escravos continuassem agregados à casa de sua avó, a qual se queixava de que o 13 de Maio libertara todo mundo, "menos ela". Falava das amigas, dos vizinhos, do padre e dos professores, numa tagarelice vivaz e cheia de inteligência que, lida, quase que se pode ouvir. Essa voz inconfundível e essa argúcia são algumas das qualidades que fazem de Minha Vida de Menina, a versão desse diário publicada em 1942 (sob o pseudônimo Helena Morley), um dos títulos cruciais da literatura brasileira - na opinião do crítico Roberto Schwarz, comparável, na produção do século XIX, apenas à obra de Machado de Assis. A poeta Elizabeth Bishop concordaria: fascinada pelo livro, ela tomou a iniciativa de traduzi-lo para o inglês, nos anos 50.

Em 2005, o diário de Helena Morley ganhou uma adaptação cinematográfica que teve passagem brevíssima pelos cinemas. Dirigido por Helena Solberg, com Ludmila Dayer encantadora como a protagonista, Vida de Menina - que sai agora em DVD - incorre numa realização algo amadora. Nem todos os atores se entendem com a câmera, e alguns diálogos mais se esvaem do que propriamente terminam. Mas, de certa forma, isso contribui para a graça do filme. Helena Morley escreveu com a inconseqüência que as garotas costumam dedicar aos seus diários, sem ter nenhum fim mais "importante" em vista do que o de papear consigo mesma e anotar pensamentos que, quando formulados em voz alta, lhe rendiam reprimendas. É provável que, se enxergasse alguma posteridade no seu caderno, Helena tivesse tentado enfeitá-lo ou torná-lo menos episódico, roubando-lhe a franqueza e a perspicácia. Essa é a virtude que, com seu jeito também ele muito despretensioso, a diretora soube preservar, e pela qual deve ser prestigiada. Por isso, e por trazer de volta à luz uma leitura tão rica e prazerosa que, se fosse obrigatória no currículo escolar, talvez convertesse alunos aos livros com a mesma eficiência com que outros supostos clássicos os afastam deles.

Disponível em: www.veja.abril.com.br/210207/p_095.shtml. Acesso em: 19 de out. 2010
5ª etapa 
Organize a discussão coletiva do filme e da resenha. Mostre aos alunos que a resenha tenta trazer ao leitor os principais pontos da obra, enfatizando aspectos que podem cativar ou afastar possíveis expectadores. Comente com a turma, também, os sinais de pontuação apresentados no texto. Confirme se os estudantes entenderam os porquês de seus usos.

Avaliação 
Proponha que os alunos produzam uma nova resenha do filme Vida de Menina. Nela, devem citar um trecho da resenha de Isabela Boscov, utilizando as marcas de pontuação - dois pontos e aspas.
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Consultoria Conceição Aparecida Bento
Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo e professora universitária.

GRAMÁTICA COM TEXTOS


7º ano - pronomes pessoais e possessivos

Objetivos 
Analisar o foco narrativo presente no texto "O Negrinho do Pastoreio" e relacioná-lo às pessoas do discurso;
perceber os elementos envolvidos na narrativa - foco narrativo e a consequente escolha de pronomes pessoais, oblíquos e possessivos;
realizar a modificação da pessoa do discurso e alteração da conjugação verbal;
utilizar os pronomes pessoais como substitutos do nome no interior de um texto;
utilizar os pronomes pessoais retos e oblíquos e dos pronomes possessivos correspondentes.

Conteúdos 
Foco narrativo;
conjugação verbal;
pronomes pessoais, oblíquos e possessivos.

Ano 
7º ano

Tempo estimado 
Cinco aulas

Material necessário Texto "O Negrinho do Pastoreio" In: PRIETO, H. Lá vem História: Contos do Folclore Mundial. São Paulo, Cia das Letrinhas, 1997.

Desenvolvimento 
1ª etapa
Leia para os alunos o conto "O Negrinho do Pastoreio".
O Negrinho do Pastoreio
Na época da escravidão, vivia no Sul do Brasil um meigo menino negro. Seus pais tinham sido vendidos para uma fazenda e ele para outra, portanto ele cresceu sozinho, trabalhando nos pastos do patrão. Ninguém sabia o nome que os pais haviam lhe dado e, como ele cuidava muito bem dos animais do pasto, todos o chamavam de Negrinho do Pastoreio.

Negrinho montava com tanta habilidade que alguns diziam que na verdade ele era filho de um saci. Mas o menino não gostava disso. Ele era muito amigo do padre da fazenda e acreditava piamente na bondade de Nossa Senhora, que considerava sua protetora.

Certa noite, um garanhão que estava sob os cuidados dele desapareceu pelos pastos. Temendo ser castigado pelo dono da fazenda, Negrinho saiu na escuridão levando apenas uma vela e rezando para que Nossa Senhora o ajudasse. Suas súplicas foram atendidas. Quando já não aguentava mais andar, o menino viu pingos que caíram de sua vela se transformar numa linda fogueira e iluminar todo o campo. Ele sorriu, maravilhado. Assobiou chamando o animal, e o cavalo se aproximou lentamente, permitindo que Negrinho lhe pusesse as rédeas.

Acontece que, no dia seguinte, o cavalo escapuliu mais uma vez. O dono das terras, impiedoso, simplesmente decretou a morte de Negrinho, como se fazia com os escravos que falhavam ao cumprimento de suas obrigações. Ordenou ao capataz que o levasse a um imenso formigueiro e lá o abandonasse, todo amarrado para que não pudesse fugir. Depois de ter obedecido à ordem do patrão, o capataz chorava de tanta tristeza, pois não conseguia se conformar em ter aplicado um castigo horrível daqueles no menino.

Na manhã seguinte, decidiu que salvaria o menino mesmo que tivesse que morrer junto com ele. Correu até o local onde o havia deixado, certo de iria encontrá-lo bastante ferido. Mas qual não foi sua surpresa ao chegar: Negrinho estava de pé ao lado do cavalo, cercado por uma belíssima luz dourada e sem uma picada sequer. Olhou bem no fundo dos olhos do capataz e disse:

- Agora vou partir. Obrigado por sua generosidade. Sei que seu coração é bom. E, sempre que você perder alguma coisa, chame por mim e, em companhia de Nossa Senhora, minha mãe querida, eu o ajudarei a encontrá-la. Diga isso a todas as crianças. Principalmente às que são distraídas. Eu serei o seu eterno protetor.

Nesse instante, um bando de passarinhos o rodearam e o levaram para longe. E até hoje, naquela região, as pessoas que perderam objetos acendem velas para que o Negrinho as ajude a recuperá-los, dizendo:

- Negrinho do Pastoreio, leve esta luz a Nossa Senhora, encontre para mim tudo o que já perdi.

(História do folclore brasileiro)
PRIETO, H. Lá vem História: Contos do Folclore Mundial. São Paulo, Cia das Letrinhas, 1997.
Pergunte a eles se já conheciam a história do Negrinho do Pastoreio. Caso conheçam, pergunte qual a fonte desse conhecimento. Questione se gostaram da história. Ouça-os.
Após essa introdução, mencione a escravidão negra no Brasil e assinale a importância dos negros na constituição da cultura de nosso país. Explique aos alunos o eixo das próximas aulas: o foco narrativo e os ajustes que ele exige do texto.

Analise com a turma como a narrativa foi construída. Pergunte a eles quem conta a história.
Caso não consigam dizer com precisão, leve-os a refletir sobre os mecanismos linguísticos. Pergunte se quem conta a história é o Negrinho do Pastoreio. Indague-os a razão da possível resposta negativa. Caso algum aluno assinale a presença do ele, reforce-a.

2ª etapa 
Insista que, ao falar sobre o outro, nós usamos os pronomes da 3ª pessoa. Dê exemplos variados; use pequenas afirmações sobre fatos que estejam em pauta no cotidiano - uma música polêmica, um técnico de futebol, as ações de um político.

Em seguida, proponha aos estudantes a reescrita do conto, substituindo a terceira pessoa e a primeira pessoa, nos discursos diretos, pela presença do "nós". Dessa forma, o narrador será uma voz coletiva - os negrinhos do pastoreio. Antes de iniciar, discuta com os alunos o significado da primeira pessoa do plural, que inclui o eu e o outro.

Dê alguns exemplos para o trabalho de reescrita. Construa coletivamente, no quadro, o primeiro parágrafo, pedindo que os alunos ditem o texto. Faça, com eles, os ajustes necessários - conjugações verbais, pronomes pessoais retos e oblíquos e pronomes possessivos.

O início poderá ficar assim:

Na época da escravidão, vivíamos no Sul do Brasil. Éramos meninos negros. Nossos pais tinham sido vendidos para uma fazenda, e nós para outra, portanto crescemos sozinhos, trabalhando nos pastos do patrão.

Alguns elementos, como a explicitação ou não do pronome pessoal do caso reto diante do verbo, podem ser objeto de escolha daquele que realiza a reescrita.

Anote no quadro os pronomes pessoais retos, oblíquos e os pronomes possessivos correspondentes. Explique a função desses pronomes e, por meio de exemplos, faça os alunos perceberem que há uma correspondência entre a pessoa do discurso escolhida para uma narração e os pronomes pessoais retos ou oblíquos e os pronomes possessivos.

3ª etapa 
Proponha aos alunos que, em dupla, continuem a reescrita do conto com a mudança do foco narrativo. Peça que cada dupla reescreva dois parágrafos. Divida o texto de modo que duas duplas reescrevam os mesmos parágrafos. Terminada a atividade, peça que os alunos se juntem com os colegas que estão com o mesmo trecho do texto, leiam os trabalhos conjuntamente e comparem com o que fizeram.

4ª etapa Reúna os trabalhos da turma e proponha a leitura de todo o conto com as mudanças realizadas. Peça que cada grupo leia um parágrafo e faça as observações necessárias.

5ª etapa
Retome a sistematização dos pronomes pessoais e possessivos. Peça que os alunos levem para a classe a Gramática utilizada pela escola e faça junto com eles a leitura e a análise dos tópicos referentes aos pronomes pessoais retos e oblíquos e possessivos. Caso julgue interessante e pertinente, vale a pena mencionar o uso do pronome na primeira pessoa do plural na expressão "Nossa Senhora", utilizada para designar o nome de Maria, mãe de Jesus, no conto. Pergunte a eles quais as implicações semânticas desse uso. Isso é interessante, pois muitas vezes fazemos uso da língua, mas nos esquecemos das implicações subjacentes a ela. Permitir aos alunos esse exercício é uma maneira de instigar o interesse pela língua que falamos.

Avaliação 
Como atividade avaliativa, proponha aos alunos que individualmente reescrevam as quadras populares abaixo, mudando o discurso da primeira pessoa do singular para a primeira pessoa do plural.
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Quadras
1)
Dois beijos tenho na boca
Que jamais esquecerei
O primeiro que me deste
O primeiro que te dei.

2)
Eu amo a quem não me quer
E desprezo a quem me ama
Fujo de quem me procura
Quero bem a quem me engana.

3)
A roseira quando nasce
Toma conta do jardim
Eu também ando buscando
Quem tome conta de mim.

AZEVEDO, R. Armazém do Folclore. São Paulo: Ática, 2000.

GRAMÁTICA COM TEXTOS


6º ano - pretérito perfeito e imperfeito

Introdução
Esta é a primeira de uma série de 16 sequências didáticas que fazem parte de um programa de estudo de gramática para 6º a 9º ano do Ensino Fundamental. Confira ao lado todas as aulas da série.
Objetivos 
Reconhecer o uso dos tempos verbais no texto;
Analisar os usos do pretérito perfeito e do pretérito imperfeito.
Conteúdo 
Tempos verbais do passado - pretérito perfeito e pretérito imperfeito.
Tempo estimado Três aulas
Ano 
6º ano
Desenvolvimento 

O trabalho a ser desenvolvido nas aulas apresentadas abaixo permite que os alunos reflitam sobre o uso de pretérito perfeito e imperfeito e sistematizem alguns conhecimentos a respeito deles. A escola deve ser um lugar de reflexão sobre a língua e de investigação. Ela não deve apenas oferecer regras, mas propiciar aos alunos que pensem sobre os usos e potencialidades da língua em situações de leitura e de produção de textos. Dessa forma, o ponto de partida do trabalho é a língua e seus usos e não a aplicação de regras dadas a priori.

1ª etapa Leia com os alunos a fábula O Urso e as Abelhas.
O Urso e as Abelhas
Um urso topou com uma árvore caída que servia de depósito de mel para um enxame de abelhas. Começou a farejar o tronco quando uma das abelhas do enxame voltou do campo de trevos. Adivinhando o que ele queria, deu uma picada daquelas no urso e depois desapareceu no buraco do tronco. O urso ficou louco de raiva e se pôs a arranhar o tronco com as garras na esperança de destruir o ninho. A única coisa que conseguiu foi fazer o enxame inteiro sair atrás dele. O urso fugiu a toda velocidade e só se salvou porque mergulhou de cabeça num lago.

Moral: Mais vale suportar um só ferimento em silêncio que perder o controle e acabar todo machucado.

Fábulas de Esopo. Tradução Heloisa Jahn, Companhia das Letrinhas, 1994, p. 24.
Pergunte a eles em que tempo se passa essa fábula, se no passado, no presente ou no futuro. Quando disserem que é no passado, diga a eles que, em Língua Portuguesa, existem vários tipos de passados e que o objetivo desse grupo de aulas é analisar o uso de duas dessas formas.

Retire da fábula as formas simples do passado - pretérito perfeito e pretérito imperfeito. Escreva-as no quadro:
topou
servia
começou
voltou
queria
deu
desapareceu
ficou
pôs
conseguiu
fugiu
salvou
mergulhou

Peça que os estudantes releiam a fábula e reflitam sobre os verbos identificados. Pergunte se esses verbos exprimem o passado da mesma forma. Vá repassando os termos que estão escritos no quadro. O primeiro verbo é "topou". Discuta com a turma o valor semântico dessa ação, que assinala, no interior da narrativa, uma atividade iniciada e acabada. O segundo verbo é "servia". Pare nesse verbo e indague se ele também expressa uma ação no interior da narrativa, indicativa de uma ação pontual, iniciada e concluída, ou se ele pressupõe uma duração que se prolonga por um tempo quando outra ação se realiza.

Caso não consigam chegar a uma conclusão, pergunte qual seria a forma da ação iniciada e concluída desse verbo. Escreva então num canto do quadro as palavras "serviu" e "servia". Construa duas orações com esses verbos e indague-os sobre a diferença entre elas. Anote no quadro as duas orações e a explicação sobre a diferença de significados. Peça que eles as copiem.

Repasse os outros verbos. O paradigma muda em "queria". Novamente, atente para a diferença de sentido desse verbo, que indica a manutenção, no tempo passado, de um desejo. Como no caso do verbo "servir", escreva duas orações uma com a forma "quis" e outra com a forma "queria". Levante com os alunos as diferenças de significado e as escreva no quadro. Peça que copiem as orações e as explicações.

Ao final da aula, monte um quadro síntese em que se distingam os verbos que indicam uma ação já concluída e os dois que indicam ações que se mantiveram por um tempo indefinido no passado.

2ª etapa 
Inicie a aula retomando os aspectos já vistos na aula passada. Faça os alunos lembrarem que há ações no passado que são pontuais, marcam atividades iniciadas e acabadas, e outras que se mantêm por certo período.

Peça aos estudantes que sublinhem no texto as formas "começou a farejar", "se pôs a arranhar" e o trecho "a única coisa que conseguiu foi fazer o enxame inteiro sair atrás dele". Faça-os perceber que, nesses trechos, são utilizadas expressões em que há mais de um verbo. Solicite que os aluno, em duplas, reescrevam a fábula, transformando as expressões presentes nesses trechos em um verbo no pretérito perfeito ou no pretérito imperfeito.

Eles devem manter o sentido do texto, mas podem realizar modificações na sua construção.
Dê um tempo para que realizem a atividade e observe como o trabalho se desenrola nas duplas. Após o tempo estipulado, resgate o trabalho coletivamente. Observe as construções feitas, anote no quadro as possibilidades e as discuta.

Dê aos alunos uma nova fábula e peça que eles a leiam e identifiquem os verbos que indicam ações já ocorridas e terminadas e aquelas que possuem certa duração no passado.
Após essa identificação, peça que eles façam uma tabela distinguindo esses verbos.

3ª etapa 
Faça a correção da atividade proposta na aula anterior. Retome os aspectos analisados nas duas primeiras aulas. Escreva no quadro os nomes dos tempos do pretérito do indicativo estudados: pretérito perfeito e imperfeito.

Escolha, junto com os alunos, seis verbos que indiquem ações do cotidiano. Anote-os no quadro e proponha que a turma escreva as conjugações corretas de cada verbo na primeira e terceira pessoas do singular e na primeira e terceira pessoas do plural para os dois tempos do pretérito. Nesse momento, o uso da gramática é indicado. Certamente, eles encontrarão nela menção à conjugação dos verbos regulares e exemplos dos verbos irregulares.

Exemplo: 
Verbo andar
Pretérito perfeito: eu andei, ele andou, nós andamos, eles andaram.
Pretérito imperfeito: eu andava, ele andava, nós andávamos, eles andavam.

Informe aos alunos a existência do terceiro tempo do pretérito - o mais que perfeito. Indique o valor semântico desse tempo e diga a eles que o seu uso está associado, sobretudo, a textos escritos.
Diga aos alunos que, no caso da fábula O Urso e as Abelhas, o uso do pretérito imperfeito indica a manutenção de uma ação no passado que é concomitante a outra ação passada, mas essa forma do pretérito também pode indicar ações habituais no passado.

Para finalizar, peça aos alunos que construam um pequeno comentário das duas fábulas lidas. Nesse comentário, eles devem usar verbos no pretérito perfeito e imperfeito. Peça a eles que assinalem esses verbos e elaborem uma explicação para o uso que fizeram.
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Consultoria Conceição Aparecida Bento
Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo e professora universitária.